Depoimento de uma mulher liberal, relacionamento aberto

Eu sou Janaina Silvestre. Vou dar um Depoimento de uma mulher liberal, relacionamento aberto que trouxe muitos outros fatos a minha vida. 

Era noite de sábado e eu tinha trabalhado o dia inteiro. Estava exausta, mas resolvi fazer uma forcinha para encontrar o Leonardo, o homem com quem eu estava saindo há algumas poucas semanas.

 

Fomos a um bar com alguns amigos dele e, assim que ficamos sozinhos em um cantinho, ao som de um samba, com um copo de cerveja na mão e encostados em um carro de dono desconhecido, ele disse: “Então, tô pra te falar uma coisa há um tempo. Não acredito nesse relacionamento tradicional que todos seguem… E se a gente pudesse criar nossas próprias regras?”

Depois de mais algumas frases que ele pronunciou, enquanto eu franzia cada vez mais a testa e apertava os olhos, finalmente entendi que o Leonardo estava me propondo algo parecido com um relacionamento não-monogâmico. Aquilo tudo parecia muito estranho para mim. Não consegui compreender nada do que ele disse e, além disso, não gostei da ideia. Fiz um pouco de drama e decidi ir embora.

Em um curto período de tempo, refleti sobre os relacionamentos.

Pensei nas inúmeras histórias tristes de traição, nos desejos que se transformam em culpa, nos relacionamentos divertidos que acabam se tornando correntes difíceis de carregar ou soltar. Decidi voltar|

Quando encontrei o Leonardo novamente, ele estava chorando intensamente e fiquei totalmente confusa. E aqui vai um spoiler: ele, que agora é meu marido, tem dificuldade em expressar suas emoções. Leonardo fica completamente sufocado porque não consegue liberar suas mágoas. O que eu quero dizer é que eu entendo como minha recusa em discutir sobre a proposta dele o feriu.

No dia seguinte, tivemos uma conversa muito boa. Eu percebi que falar sobre a possibilidade de sentir atração por outras pessoas não significa falta de amor. É preciso ter muita coragem e confiança para ter uma conversa honesta! Discutimos nossas crenças sobre relacionamentos, o que já tentamos e não deu certo, e mesmo sem ter uma direção clara, concordamos que poderíamos falar sobre qualquer coisa que quiséssemos fazer. Mesmo que ainda estivesse confusa, decidi embarcar nessa jornada.

Nós decidimos morar juntos em apenas cinco meses. Dois meses depois, veio a pandemia

 

O relacionamento que prometia muitas aventuras (embora eu não soubesse exatamente quais) foi abalado pelo medo intenso que esse momento difícil despertou.

Com o passar do tempo, comecei a enfrentar crises de ansiedade. Na verdade, foram muitas. O Leonardo também não estava bem. Ele foi demitido logo no início da pandemia e estava um pouco perdido. Nossa rotina ficou instável, mas ainda querendo viver um pouco do que havíamos proposto no início, começamos a marcar encontros por meio de aplicativos assim que os casos de coronavírus começaram a diminuir. (um dos melhores site para conhecer pessoas liberais, CLIQUE AQUI).

Saímos com algumas mulheres. Eu, que já havia tido algumas experiências limitadas com mulheres, descobri que o mundo pode ser menos heteronormativo, menos rotulado do que eu imaginava. No entanto, o ciúme me afetava intensamente e essa relação entre prazer e dor parecia estranha para mim.

 

O Leonardo e eu tivemos algumas discussões

 

Estávamos extremamente nervosos, com ansiedade elevada por diversos motivos, e aquela ideia de podermos conversar sobre qualquer coisa se tornou um fardo para mim sem que eu percebesse, pois na verdade eu só queria sobreviver à pandemia, tanto mentalmente como emocionalmente – mais do ponto de vista emocional do que físico… Mas não soube expressar isso.

 

É importante falar sobre as partes difíceis, porque nem tudo são maravilhas. Foi um processo trabalhoso e, por muito tempo, eu pensei que poderia estar fazendo algo errado, escondido, destinado ao fracasso. Passei por uma fase confusa em que não sabia exatamente quais eram meus desejos e quais eram os dele, mas fomos conversando sobre tudo isso e construindo uma reciprocidade afetuosa e divertida.

 

Descobri que posso dançar de olhos fechados na frente dele sem sentir vergonha, posso falar sem me preparar, posso descobrir quem eu sou e ajudá-lo a descobrir quem ele é, sem medo de decepcionar ou de querer fugir.

 

Esses dois anos de pandemia nos permitiram construir um mundo onde não precisamos ter medo um do outro

 

Parece algo óbvio, mas não é. Com terapia e uma maior disposição para ter conversas profundas, entendemos que esse modelo de casamento aberto funciona para nós. Revisamos tudo o que vivemos e fizemos ajustes necessários.

Falei sobre alguns desconfortos, sobre meu desejo de sair com outros homens também. Discutimos pontos complicados e excitantes. Falamos e ouvimos um ao outro. Acredito que com o relaxamento das restrições da pandemia, inauguramos um momento mais claro e feliz em nosso relacionamento.

Desde então, alguns acordos têm sido feitos e revistos, mas o princípio básico é estarmos juntos em todas as situações. Nosso acordo funciona da seguinte maneira: sempre que um de nós sentir atração por alguém, conversamos sobre isso e decidimos juntos como lidar com essa situação.

Às vezes, esse acordo acontece apenas com um olhar

 

Por exemplo, quando estamos em algum lugar e ele me diz: “Amor, você viu o cara bonito que está te olhando?”, eu respondo que vou lá conhecê-lo, ele sorri e já sabemos que está tudo bem. Dessa forma, vamos brincando, explorando e crescendo no amor e na parceria. Ao contrário do que muitas pessoas pensam, nossa dinâmica não é uma bagunça.

O fato de podermos nos envolver afetiva e sexualmente com outras pessoas não significa que comentários ofensivos ou investidas desrespeitosas sejam aceitáveis.

Infelizmente, até agora, essa jornada tem sido um tanto solitária, pois quando tentamos compartilhar um pouco do que estamos vivenciando, ouvimos comentários clichês como “Vocês são loucos” ou “Eu não conseguiria, sou muito ciumento”, e raramente a conversa segue com profundidade.

 

Estamos descobrindo que o mundo do casamento aberto é bastante complexo

 

Existem pessoas envolvidas no fetiche do swing (troca de casais), casais que só se envolvem com outras mulheres e a mulher da relação claramente fica entediada, casais que saem separadamente sem contar ao parceiro(a) o que acontece bastante.

Existem também os casais que compartilham todos os detalhes minuciosamente e, assim como nós, casais que não têm muita burocracia, pois entendem que o afeto e o desejo são vivos e que precisam ser enfrentados diariamente para que o relacionamento continue alegre.

É claro que temos nossas regras e acordos, e sempre é necessário ter MUITA disposição para conversar!

 

Às vezes, mesmo assim, acontece algo que deixa alguém desconfortável, mas isso é normal, afinal, quem nunca passou por isso? Uma vez que não podemos controlar ou prever o desejo, aprendemos a brincar com ele. Assim essa experiência tem trazido um nível de excitação entre nós dois que é extremamente divertido.

Ao considerar todas as questões que podem surgir nessa complexidade de um relacionamento, essas são as escolhas que fizemos e somos felizes assim. Eu posso ser eu mesma, sem me sentir depravada ou pressionada a ser heterossexual ou qualquer outra coisa que tenha me causado confusão ou sofrimento.

Ele pode ser ele mesmo, abrindo espaço para falar sobre tudo o que existe dentro dele e que é difícil de expressar, apreciando a beleza de ser o homem que escolhe ser. Podemos ser o que quisermos, porque é assim que queremos continuar: com afetos que nos fortalecem, como explicou o filósofo holandês Baruch de Espinosa há mais de 400 anos.

Não é fácil nadar contra a corrente da monogamia romântica, mas posso garantir que o mar é bonito do outro lado, e atravessar essa jornada é mais fácil quando estamos juntos (seja como um casal, um trio ou como você preferir!

Me fala no formulário abaixo, o que você achou do meu relato.

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